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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Uma Carona


Uma chuva forte fustigava aquela avenida desconhecida, cercada de árvores altas e um asfalto muito gasto. O vento - que de tão forte, lançava as gotas de chuva para a direita – trepidavam as vestes de quem por ali passasse, mas não havia ninguém... Exceto a figura de uma menina. Imóvel debaixo de uma luz fraca vinda de um poste próximo à parada de ônibus. A julgar pelo seu olhar vago, ela não parecia muito ciente de onde estava ou simplesmente ignorava tudo ao seu redor. Ou talvez as duas opções.

Ela não procurava proteger-se da chuva. Colocou sua mão estendida pela estrada, o polegar inclinado levemente para a esquerda. Estava pedindo carona numa rua deserta e chuvosa. Ninguém iria passar naquela avenida, pelo visto... Foi quando ela já ia baixando a mão - depois de muitas horas na mesma posição - que surgiram dois focos de luz.

Era uma luz fraca e quase imperceptível em meio da chuva forte, mas lá estava. O carro - ela não conhecia carros, logo não sabia o modelo ou o ano, e a chuva forte não ajudava - parou à sua direita. Dois senhores de idade e um menino pequeno - de uns 5 ou 6 anos - olharam para a imagem da menina na chuva.

A senhora foi a primeira a falar: - Para onde está indo, moçinha? Num gesto simples, a menina indicou a direção, falando num tom áspero e sem emoção algo como estação rodoviária. A senhora fez um gesto de que entendeu e continuou - Também estamos indo naquela direção, quer uma carona? Sem hesitar ou responder, a menina entrou no carro, colocou seu saco de viagens entre suas pernas e permaneceu ali imóvel.

Primeiro a senhora apresentou-se como Mabel, depois apresentou o marido Joseph e o menininho como Brandon. Disse que estavam voltando de uma semana de lazer e perguntou de onde a menina vinha. Obteve como resposta um olhar vago e um dar de ombros.

Nenhuma outra tentativa de conversa durou mais do que isso. O senhor que dirigia fez a gentileza de ligar o ar quente e as gotas que pingavam do cabelo da menina cessaram. O tempo todo, ela olhava pela janela, mas não parecia ver nada.

Você perdi a voz após cometer um assassinato.
Mesmo que tenha sido sem querer.

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Quando Deus.

''Amor é quando Deus mesmo sabendo que eu erro todo dia, sempre me dá uma chance de aprender e fazer diferente.''